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Salinas

No território da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António dois terços são constituídos por planície aluvial de sapais, salinas e esteiros e o terço restante por colinas.

As salinas ocupam cerca de 30% da área da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim, coexistindo a exploração artesanal, de pequenos talhos onde o sal é recolhido manualmente, com a exploração industrial, de grandes dimensões, onde o braço do homem foi substituído pelas máquinas. Ambas constituem habitats fundamentais para as aves aquáticas, sendo utilizadas como local de repouso, alimentação e nidificação.

No sapal e nos muros das salinas cresce uma vegetação arbustiva adaptada ao elevado teor salino do solo, espécies halófitas, dominando diversas espécies entre as quais se destaca a salicórnia ramosíssima, planta comestível e já muito utilizada como substituto do sal em saladas e salteada sendo também utilizada noutros pratos.

Relativamente à Avifauna, refere-se que grande parte das aves aquáticas que ocorrem na Reserva Natural se concentram nas salinas, onde beneficiam de vastas áreas de alimentação.

No período de Inverno e de migração pós-nupcial, podemos encontrar nestas áreas uma grande abundância e diversidade de espécies de patos, garças, cegonhas, colhereiros e limícolas, sendo estas últimas o grupo dominante.

No final da Primavera e início do Verão, a abundância de aves nas salinas diminui significativamente, no entanto estas servem também de albergue para populações de espécies que dependem quase exclusivamente deste habitat para nidificar. É o caso da Andorinhas-do-mar-anã e de limícolas como o Perna-longa, o Borrelho-de-coleira-interrompida e o Alfaiate, sendo esta uma espécie de estatuto Vulnerável que tem nas salinas do sudeste algarvio o único núcleo reprodutor regular a nível nacional.

 

Salinas tradicionais

Sal Marinho tradicional de Castro Marim é inteiramente recolhido à mão, segundo técnicas ancestrais que perduraram ao longo dos tempos. Resulta da conjugação do trabalho do salineiro com a ação das marés, do sol e dos ventos, e não é sujeito a nenhum tipo de tratamento posterior, apresentando-se naturalmente branco e brilhante.

Este sal totalmente natural conserva a riqueza mineral da água do mar, encontrando-se na sua composição química não apenas cloreto de sódio, mas um vasto conjunto de minerais úteis e necessários à saúde, tais como magnésio, cálcio, potássio, ferro, zinco ou manganês.

Flor de Sal é uma finíssima película de cristais de sal que se forma na superfície da água das salinas, e que é cuidadosamente recolhida com um instrumento especial, que nunca toca o fundo. Este produto não sofre qualquer processamento, seca ao sol e é depois embalada, mantendo o sabor e a humidade do mar. É um tipo de sal raro, que se forma unicamente nos dias de maior calor, entre Julho e Setembro.

Nas salinas tradicionais, a água percorre um labirinto de tanques compartimentados, os viveiros ou tejos – desde o esteiro de abastecimento até aos talhos, aquecendo e evaporando progressivamente ao longo do trajeto, atingindo o máximo de saturação nos talhos, geometricamente dispostos, onde se forma o sal.

A temporada do sal segue o ritmo das estações. Inicia-se geralmente em Março e prolonga-se até Setembro, altura da última colheita do sal. A temporada é dividida em duas grandes fases: a preparação das marinhas e a produção de sal.

A preparação das marinhas decorre entre os meses de Março a Junho e engloba a limpeza de lodo e lamas, a reparação dos desgastes provocados pelas intempéries do Inverno e a preparação das águas. A preparação das águas consiste no processo de aumentar a concentração salina das mesmas.

 

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